domingo, 6 de maio de 2018

Eu comigo e eu mesma


A semana havia sido intensa. Muito mais do que eu achava que poderia suportar. Tudo me exigiu. Tudo me requereu esforço, decisão, pensamento e dedicação. Enquanto todos os meus papeis brigavam para não ter que contracenar. Ninguém me perguntou se eu poderia, se eu gostaria, se eu queria estar ali. A vida é assim mesmo. Não nos pergunta se queremos. Nos joga precipício abaixo para ver no que vai dar. É parte do processo!
Passado o meu furacão particular, como passam todas as nossas tormentas solitárias, hoje eu acordei com a certeza de que precisava de um pouco mais de mim. Por mais que eu tivesse pessoas maravilhosas ao meu lado, naquele momento eu queria a minha própria companhia.
Então eu encostei a general que vive em mim no canto da minha sala de estar e saí para o meu dia, disposta a fazer deste, um dia de mim.
Hoje eu me dei licença para não pensar em trabalho, em casa, em filho, em marido, em cliente, em fornecedor, em negócio ou em qualquer coisa que demande meu raciocínio lógico. 
Hoje foi dia de ouvir a minha playlist  e cantar junto com Belchior, Mariza Monte, Nazi, Cassia Eller, Roberto Carlos  e todos aqueles que um dia cantaram alguma coisa que tocou meu coração. 
Hoje foi dia de reler meus velhos livros e descobrir um novo sentido para aquela velha frase que eu marquei há anos e nunca mais voltei a ler.
Hoje eu fiz questão de preparar um café só para mim e ser a minha melhor companhia. Hoje foi dia de pegar sozinha alguma coisa no maleiro mesmo que isto tenha me custado  um estalo na coluna. Hoje eu precisei ficar só com a minha cachorra para perceber o quanto ela respeita meus silêncios. Mais que muita gente! 
Hoje eu escolhi não sentir saudade e curtir cada minuto comigo com a certeza de estar em boa companhia. Hoje foi dia de encurtar a distância entre eu e meus valores, meu coração e meus sentimentos mais profundos. Hoje o silêncio me contou mais de mim do que todas as horas que eu falei para alguém. E o nada que eu fiz preencheu todos os espaços que a minha mente precisava para se recompor. Nada me faltou, nada me excedeu, as coisas apenas se encaixaram num espaço mínimo entre eu e os meus valores. Tranquilamente assim. E todas as canções foram cantadas, todos os sabores foram sentidos na mais perfeita simplicidade de ser. 
Pode até parecer solidão. Mas é só eu cuidando do meu relacionamento comigo. Prometo voltar amanhã, cheia de espaço para você! 

Leila Rodrigues

Imagem da internet, editada com a frase da autora 
Publicado no JC Arcos

Olá pessoal,

Quem já fez um “deserto”, sabe a relevância do encontro consigo. Posso dizer que isso se torna uma necessidade, de tão importante. Encontrar-se, antes de qualquer outro encontro. Essa é a arte! Esse é o alimento que a mente precisa.
Afinal de contas, se viver é esta luta constante e insana que temos experimentado, que pelo menos entre o “eu e eu mesmo” que existe em cada um de nós, haja paz!
Grande abraço Paz e bem!


Leila Rodrigues

Um comentário:

  1. Ler-te é tão gratificante, me preenche toda a alma e me consola. Faço um alinhamento de tudo que está desconexo e me concentro na leitura das tuas palavras cheias de sabedoria, aprendendo sempre... bjos!

    ResponderExcluir

Obrigada pela visita. É muito bom ter você por aqui!
Fique à vontade para deixar o seu recado.
Volte sempre que quiser.
Grande abraço